terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Entenda as piadas sem sentido do Chaves: Quero ver outra vez teus olhinhos de noite serena

Antes que tudo, não sejamos injustos. O que vem a seguir não tratará de uma piada sem sentido do Chaves, mas apenas uma informação de cultura inútil. Afinal, quem nunca quis ouvir a versão completa da música tão doce que o Seu Madruga toca quando tenta ensinar o menino do 8 a tocar violão?

Hoje em dia é muito fácil encontrar a serenata Quiero ver, do Tata Nacho: é só colocar no YouTube. Mas né? Vou ser meio repetitivo aqui, afinal... quem sabe não atraio alguns leitores mais para a série das piadas sem sentido do Chaves.

Se você se atem basicamente ao Chaves, nunca ouviu mais do que dois ou três versos da serenata. Contudo, há um episódio de Chapolin em que metade (ou uma estrofe de duas) da música é cantada: o do ventríloquo do boneco Sinforoso.

Seja lá como for, eis abaixo a canção original. Uma doçura que apenas quem já viveu uma dor de corno poderia entender (a letra, em tradução livre, segue abaixo):



Quero ver outra vez
Teus olhinhos de noite serena
Quero ouvir outra vez
Tuas palavras acalmando minha dor
Quero ser outra vez
O que inquieta a paz dos teus sohos
Com a voz amorosa
De um carinho embriagado de ilusões

E queria, sobretudo,
Um pouquinho de esperança
Você ficou muito áspera,
Muito dada à desconfiança
Não há razão, minha querida
De que me trate como a um estranho
Ainda sou o mesmo que sempre fui
Não me pague com uma traição
Veja bem, menina, 
Você me machucaria muito

Linda, né? Espero que não sintam na alma o que a música quer dizer.

E aproveitando o espaço, continuemos. Quiero ver não é a canção mais importante do Tata Nacho (Ignacio Fernández, que viveu de 1892 a 1968) - mas, por causa do Chaves, talvez seja a música dele que foi mais difundida pela América Latina.

Uma música do Tata Nacho que fez mais sucesso no próprio México foi Adiós mi chaparrita, também já utilizada em um episódio da série. Na primeira filmagem da festa da vizinhança, a Chiquinha pega o violão e toca tal serenata enquanto é constantemente atrapalhada pela tentativa frustrada do Chaves de completar o poema O cão arrependido.

E ainda mais: sabem a batida rancheira? Aquela com limão e vodca? - seria a versão antiga e sem glamour da caipiroska? Pois então. Apenas para que todos saibamos:

Na versão em espanhol, quando o Seu Madruga pergunta se o Chaves conhece a batida rancheira, a resposta é: “con la mano del metate?” (ou "com a mão de metate?"). Pois então. Metate... eu não sei o que é. Quer dizer... é uma espécie de pilãozinho de pedra, com formato de pepino, para moer milho.

Eis o metate. Não parece ser tão legal quanto uma batida rancheira com limão e vodca.



quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Entenda as piadas sem sentido do Chaves: Pede Mais Um, Perry Mason e o cachorro bobo

Aos que entram aqui com certa frequência e não encontram novas atualizações sobre esta série de elucidações sobre piadas mal traduzidas do Chaves e só encontram textos dramáticos e sentimentalóides, minhas desculpas. Reconheço que deveria ser mais atencioso com as traduções, mas... é a triste realidade: a vida adulta me decepciona e, além disso, me impede de ver televisão e ter novas ideias.

Mas aproveitemos que estamos aqui e dar andamento, ainda que fugaz e bem rápido, à série - que ainda sobrevive (e prometo um dia encontrar resposta para todas as perguntas que são deixadas nos comentários. Juro que leio, juro que penso em ir atrás ao final do expediente. E juro que esqueço, mas não por maldade).

Sabem quando o Chaves atropela o animal do Quico e o Professor Jirafales sugere que o menino do 8 seja julgado pela morte do pobre e indefeso gatinho? Pois então. Ali temos um episódio que, pelo menos para o Seu Madruga, lembra muito aquele famoso detetive da TV, o Pede Mais Um.

Pede Mais Um? Tá aí um bom nome pra algum programa do Silvio Santos. Ou então para um novo show do tipo gincana como o SuperMarket (lembram disso?).

Na real, o Professor Jirafales trata de corrigir a besteira do Seu Madruga (afinal, quem nunca se confundiu e escutou alhos em vez de bugalhos?) e explica que o tal investigador não é o Pede Mais Um, mas o Perry Mason. Sim, Perry Mason. E ele existiu de verdade – ok, de verdade no mundo da ficção.

Perry Mason foi um personagem central das novelas policiais do Erle Stanley Gardner. Chegaram até a fazer uma série de TV, chamada... tcharam, Perry Mason! E, dizem, bombou na década de 1980 (eu não estava lá pra confirmar). Seu Madruga, pelo visto, assistia. E o Ozzy Osbourne também – não é coincidência que ele tenha uma música chamada Perry Mason (Calling Peeeeeeeeeeeerryyyyyyy Maaaaaasooon aaagaaaaaiiin)!

Acontece que, na versão original, o Seu Madruga não via o Perry Mason. Ao que parece, ele via algo muito mais divertido que o Pede Mais Um. E que... também tem uma sonoridade ainda mais parecida com o nome do tal detetive. Olhem só, no instante 20:00:


Viram? Não era o Perry Mason, mas o Perro Menso. E o que isso quer dizer? Perro = cachorro; menso = gíria bastante comum no México pra dizer... bobo! Sim, cachorro bobo! Na versão original, não havia o Pede Mais Um (afinal, não teria semelhança alguma... seria algo como pide uno más).

Falando em cachorro bobo, não consigo pensar em outra coisa senão naquele desenho idiota da Hanna-Barbera, Os Dois Cachorros Bobos.



Ah, como eram bons os desenhos!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

... era uma vez?


Queria contar uma história.

Feliz, quase sem percalços, que começa bem e continua bem.

Mas que tenha desafios, seja ousada e que sublinhe a superação do próprio ser.

Repleta de risadas, descobertas, coincidências. 

Que passe em um cenário de tons sutis da minha cor favorita.

Com aquele enredo que me faça fantasiar até enquanto escovo os dentes antes de dormir e que me arranque sorrisos espontâneos ao me olhar no espelho.

Que ressalte como o sol das manhãs e dos finais de tarde me energiza, como a chuva purifica e renova o humor, como uma chuva com sol é um milagre sutil.

Queria muito juntar tudo isso em uma boa história. 

Inspiradora, criativa, gostosa de ler e divertida de reler. 

Só que não queria parecer brega.

Fica pra próxima.

A felicidade é brega demais. 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A raposa, o judeu italiano e os filmes embaralhados


(acho que já escrevi algo parecido anos atrás)

Não exijo de você a responsabilidade por me haver conquistado. Tenho também importante parcela de culpa por ter me deixado acreditar alegre, cega e inconsequentemente no que ali vinha se construindo.

Acontece que ainda não aprendi a aceitar que você tenha simplesmente ido. Ido buscar tuas rosas, teus sonhos, tuas verdades, teus rumos, tuas estradas que vão na contramão da aceitação do acaso.

Mas quem sabe um dia? Quem sabe um dia eu olhe para o céu e te veja ali, sorrindo para mim? Sei que um dia nossos olhares se cruzarão em algum ponto desta imensidão sem tamanho.

Hoje... hoje ainda não. Olhei o céu esta noite, acabei de olhar. E por um breve instante, que deve ter durado quase uns 2 mil pores-do-sol, eu quis estar ali. Voando, com os pés longe do chão, com a cabeça nas nuvens, como sempre, indo me encontrar com você.

Acho que ainda sou pequeno demais para aceitar isso, uma despedida. Ainda não sei lidar com esse aperto que estrangula o órgão que comanda a minha circulação sanguínea, que biologicamente imita o coração que aqui ficava (aliás, tem cuidado dele?).

Sempre achei que foste minha raposa, mas me confundi. E só me dei conta disso agora, quando me lembrei de mim sentado, com o coração acelerado, dócil e adestrado, já enamorado, no mesmo horário marcado, dos mesmos dias da semana, no mesmo degrau da escada da mesma praça esperando você chegar para podermos brincar. Vencia quem fazia mil pontos, e ríamos que nem loucos.

Agora miro ao meu redor e não vejo nada além de uma imensidão de ramos de trigo.

Pensando bem, acho que eu sempre soube.

Não era à toa que sempre te via pequenina, indefesa. E te olhava todas as manhãs com um sorriso mais ensolarado que uma manhã de janeiro querendo te dizer “bom dia, princesa”. 

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Poema de 5ª série

Sueño
Me río
Ilusiono
Fantaseo
y me iludo
No lo dudo
Me confundo
Sé que quiero
Me desespero
No debo querer
No puedo querer
No lo puedo creer
No me lo puedo creer
Hasta hoy aún te quiero
No sabés como te quiero
Sé que todavía te requiero
No sabés como te quiero
Hasta hoy aún te quiero
No me lo puedo creer
No lo puedo creer
No puedo querer
No debo querer
Me desespero
Sé que quiero
Me confundo
No lo dudo
y me iludo
Fantaseo
Ilusiono
Me río
Sueño